quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O Pacto



Duas mãos, unidas sob divino álamo
Teceram um pacto:
Honrariam o ouro de seus corações em cada ato,
Decantando lírico balsamo,
Tesouro de sutis emoções.

Apartaram-se as duas palmas.
Mas para sempre uma promessa
Escrita em suas almas,
Fosse o quão fosse a sorte adversa.

Despediram-se os dois destinos.
Entre eles abismos, lonjura amarga.
As distâncias, feras perversas.
Não mais gêmeos traços íntimos,
Desenhando a mesma saga.
Entre suas façanhas, pontes falsas...

Fugiu da lembrança o velho pacto.
Tanto solo percorrido,
Tão aparte os dois idílios;
Cada coração, agora, um desconhecido.
Duas estradas e nenhum atalho.

Mas todo laço sob estrelas tecido,
Pela lira de sutil canção,
Não se dissolve.
Se é frágil a mera lembrança
Em fuga ao passar de hora,
Que no tempo voa e revolve.

É eterna a Memória
Não é fruto do tempo e tampouco o teme,
É Mestra da Vida.
Perene, constante aurora.
E em seu nobre enredo uma herança:

O reencontro em hora mágica.
Quando, em qualquer caminho,
Sagas apartes se vêem sob a mesma lógica
E apartes sonhos se vêem sobre o mesmo ninho.

Agora, longe, em noite profunda,
As duas mãos se procuram.
No peito um fulgor,
Pois a lembrança se inunda
Com o que se figuram
Alquimias de um velho atanor.

As duas mãos, de linhas tão simples
Em ocaso, sob estrelas mil;
Tateando estradas tão ímpares,
Forjam um abraço
Nas fibras do manto anil.

Agora, com a lonjura desfeita
Nas palmas calejadas, a vitória e louros.
O velho pacto sorriu.
Ainda guardavam suas almas os intactos tesouros.
Pois não há distância aceita
Por um juramento que jamais se partiu.

Mariana Lopes
Nova Acrópole Goiânia - Setor Universitário

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Quando um anjo sopra



Quando um anjo sopra
Dou força ao planar da pena.
O salto, a semente alada....
A viagem da folha na aragem,
A dança, leveza serena


Sob o vento calmo,
Vejo a folha, antes vegetal,
Que, igual a uma grande gaivota,
Já plana, e, qual a mão humana,
Acena um suave sinal.

Pelo vento vão,
eu movo o gigante moinho.
revolvo os campos e os ninhos,
reavivo a raiz e o grão...
E o movimento é o mensageiro
da vida, em seu pulsar intenso e inteiro

Pelo vento forte,
o mar se molda em ondas, grande porte,
as folhas dançam em redemoinho.
Baila o fogo, labareda ao vento,
revoltos, brincam ocultos elementos.

Quando em brisa mansa
toco tua face docemente,
E lentamente a rede se balança,
capturo pensamentos puros,
lembranças leves em minha mente...
Mas isso somente
quando um anjo sopra.

Gilvana - Nova Acrópole - Goiânia